BIRD CLEMENTE

O filme é um documentário de média-metragem com duração de 60 minutos, onde será contada a história de Bird Clemente, o primeiro piloto profissional de automobilismo do Brasil. Ele conta um pouco sobre sua infância, como começou a se interessar por carros, quando teve a oportunidade de dirigir pela primeira vez, sua relação com os maiores pilotos da sua época. Participou das mais importantes provas de automobilismo ao lado de Chico Landi, um dos primórdios do automobilismo brasileiro, antecedeu e posteriormente teve como parceiro grandes nomes como Wilson Fittipaldi Júnior, José Carlos Pace e Emerson Fittipaldi. Correu com vários tipos de carros, mas foi com a Berlineta que criou seu estilo inconfundível de pilotagem. Bird Clemente, junto com seus companheiros, fez parte do surgimento e da construção do esporte no Brasil.

Bird Clemente é a história viva do automobilismo brasileiro. Foi o primeiro piloto a correr profissionalmente por uma equipe de automobilismo, a Equipe Willys, e sagrou-se vencedor em muitas competições. Conhecido pelo seu estilo único (diferente, arrojado, peculiar) de pilotar, Bird Clemente ganhou muitos fãs, entre pilotos e jornalistas, e também algumas alcunhas como “mago dos motores traseiros” e “bailarino das pistas”, ambas referindo-se ao modo como ele fazia as curvas deslizando levemente pelo asfalto. Essas e outras histórias curiosas serão contadas neste documentário, onde o próprio Bird Clemente e seus contemporâneos falam sobre sua vida e principalmente sobre sua carreira, que iniciou em 1958 e encerrou em 1974.

Este filme pretende trazer ao nosso conhecimento esses fatos tão interessantes para os fãs de automobilismo e também para quem gosta de relembrar os tempos idos, pois Bird Clemente é conhecido por ser um bom contador de histórias.

Bird Clemente nasceu em 23 de Dezembro de 1937 em São Paulo, passando sua infância e juventude no bairro do Pacaembu.

Seu pai, Francisco Clemente, um fanático por automobilismo, assinava a revista argentina El Gráfico, escutava no seu rádio Zenith Transoceanic as transmissões internacionais de corridas e levava Bird Clemente para Interlagos na companhia de seu irmão, Nilson Clemente, que mais tarde seria seu parceiro nas pistas. Foi nesse ambiente que ele cresceu e se apaixonou pelo automobilismo.

Em 1956 ao ingressar no Mackenzie para estudar agrimensura, conheceu Tito Lívio Martins, irmão do Eugenio Martins, piloto já consagrado nas pistas e que seria responsável por sua primeira grande oportunidade no automobilismo. Começou assim a frequentar o autódromo de Interlagos, escondido de seus pais.

Sua primeira corrida foi a “III Mil Milhas Brasileiras” em 1958 com parceria de Luiz Pereira Bueno, mas o carro quebrou nas primeiras voltas e ele não chegou a pilotar. Então sua estreia se limitou aos treinos.

A oportunidade profissional nas pistas veio nos treinos para a “V Mil Milhas Brasileiras” em 1960. Eugênio Martins ia correr em parceria com Christian Heinz, que já era um ídolo do automobilismo brasileiro, com o carro da Serva Ribeiro, maior concessionária Vemag do Brasil. Por causa de um desentendimento com o chefe, Jorge Lettry, Christian Heinz abandonou o posto, abrindo a oportunidade para que Bird fizesse dupla com Eugênio Martins, tornando-se assim, o piloto oficial da equipe. Mas, segundo Bird Clemente, sua verdadeira estreia foi nas “IV Mil Milhas Brasileiras” em 1959, fazendo dupla com Ciro Cayres, dirigindo o carro DKW Vemag se classificando em 11° lugar. Em 1963 é chamado por Luiz Antonio Greco para correr pela Equipe Willys, tornando-se assim o primeiro piloto brasileiro a receber um salário exclusivamente para pilotar carros de corrida.

Bird Clemente ficou conhecido por seu estilo arrojado e habilidade em deixar o carro, nas curvas, derrapar nas quatro rodas, atravessando o carro na pista numa cinematográfica coreografia, que foi chamado de “derrapagem controlada” o que lhe garantiu uma marca registrada. Bird Clemente era um espetáculo nas pistas. Não demorou muito tempo para Bird Clemente se transformar na referência, no homem a ser batido nas pistas.

Em 1970, Bird Clemente fazendo dupla com seu irmão Nilson, vence a “24 Horas de Interlagos”, a primeira vitória importante de um Chevrolet Opala e considerada por ele uma das três mais importantes da sua carreira. Em 1973, novamente em dupla com Nilson Clemente, vencem a “25 Horas de Interlagos”, a “500 km de Interlagos” e a “Mil Milhas Brasileiras”, consolidando também as primeiras vitórias do Ford Maverick no Brasil.

Consagrado como um dos pilotos mais prestigiados do país recebeu por duas vezes o “Prêmio Victor”, da revista Quatro Rodas, quando uma comissão composta dos principais jornalistas elegia os melhores pilotos do ano.

Bird Clemente, um romântico que fala, com grande saudosismo, que o câmbio e a embreagem do carro é a extensão do corpo do piloto, o mago das pistas.